O 1º Seminário Municipal de Boas Práticas para Eliminação da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais B e C, promovido pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou, nesta quinta-feira, 7/11, no auditório da faculdade Martha Falcão, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul. O evento, que segue até esta sexta-feira, 8/11, reúne 250 participantes, entre profissionais de saúde que atuam em Unidades de Saúde, gestores e representantes de Organizações da Sociedade Civil (OSCs).
Durante a cerimônia de abertura do seminário, o subsecretário de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, destacou a importância do trabalho dos profissionais da Atenção Primária na execução das ações de prevenção à transmissão vertical, que ocorre quando a mãe transmite a infecção para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação.
“O tema do seminário é referente às boas práticas para a eliminação da transmissão vertical. Uma coisa é existir protocolos, orientações literárias e obras acadêmicas, outra coisa é a questão da prática do dia a dia. Com a realização do seminário, a Semsa confirma a importância que é dada ao processo de educação continuada, criando um ambiente em que é possível reforçar a qualificação dos profissionais e, assim, melhorar a qualidade da assistência e dos serviços oferecidos para a população”, destacou Djalma.
A técnica do Núcleo de Controle do HIV/Aids, ISTs e Hepatites Virais da Semsa, enfermeira Ylara Costa, explicou que um dos temas de destaque do seminário é a certificação para Eliminação da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais B e C, que o município quer alcançar junto ao Ministério da Saúde.
“Manaus está em processo para atingir a certificação até o final de 2025. E a eliminação significa reduzir ao máximo o número de casos para que a transmissão vertical não seja mais um problema de saúde pública. Com a realização do seminário, a Semsa pretende sensibilizar os servidores da ponta do atendimento, aqueles que realmente estão realizando o manejo clínico, atuando no cuidado da gestante, nas ações de prevenção, diagnóstico e tratamento”, ressaltou Ylara.
Segundo a enfermeira, em relação à transmissão vertical do HIV, a análise dos indicadores mostra que Manaus tem uma taxa de 0,1 a cada mil nascidos vivos, abaixo da taxa preconizada pelo Ministério da Saúde, que é de 0,5 casos a cada mil nascidos vivos.
“Nesse cenário, a sífilis congênita, que ocorre quando há transmissão da mãe para o bebê, representa uma situação mais complicada por causa da alta incidência da doença em Manaus e em todo o Brasil. Manaus tem uma taxa de 9 casos a cada mil nascidos vivos, quando precisa chegar em pelo menos 7,5 casos em cada mil nascidos vivos para buscar a certificação”, informou Ylara Costa.
O seminário teve como uma das palestrantes a diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e de Saúde do Trabalhador (Dvae/Semsa), enfermeira Marinélia Ferreira, que abordou que a transmissão vertical pode ser prevenida com intervenções durante o pré-natal.
“A transmissão vertical pode ser evitada quando as infecções são identificadas de forma precoce e tratadas adequadamente durante a gestação, de acordo com cada situação. No caso da sífilis, por exemplo, as ações de prevenção envolvem a gestante, mas também o tratamento do parceiro. Ele precisa ser tratado ou a gestante vai ser reinfectada durante a gestação”, alertou Marinélia.
A diretora lembrou ainda que a transmissão vertical da sífilis pode acontecer durante toda a gestação, principalmente no primeiro trimestre. “Mas quando é feito o diagnóstico e o tratamento é realizado o mais precocemente possível, os danos para o bebê serão mínimos”, explicou.
A recomendação é que todas as pessoas com vida sexualmente ativa façam pelo menos uma vez ao ano o teste rápido para HIV, sífilis e Hepatites B e C. Durante o pré-natal, o protocolo indica no mínimo dois testes rápidos ao longo da gestação, além da testagem no parto na maternidade.
“O ideal seria um teste a cada trimestre de gestação, mas muitas vezes a gestante inicia o pré-natal de forma tardia e nem sempre é possível. As Unidades de Saúde da rede municipal oferecem o teste rápido durante todo o ano na rotina de atendimento à população, não somente no pré-natal”, apontou Marinélia Ferreira.
De acordo com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan NET/Ministério da Saúde), o município de Manaus registrou este ano 186 crianças com exposição ao HIV (criança nascida de mulher vivendo com HIV ou que tenha sido amamentada por mulher infectada pelo HIV, podendo ou não desenvolver a infecção), com três casos de criança com HIV.
Em 2023, foram 247 crianças expostas ao HIV, com quatro casos de crianças com HIV.
Em relação à sífilis congênita, que ocorre quando a mãe transmite a doença para a criança na gestação ou no parto, Manaus registrou 335 casos da infecção este ano, contra 301 no ano passado. O número de gestantes com sífilis foi de 1.687 em 2023 e de 1.563 este ano.
A programação do seminário seguirá nesta sexta-feira, 8/11, abordando temas como Certificação em Foco: Experiência do Município de São Paulo no Processo; Fluxos de referência e contrarreferência para criança exposta ao HIV, sífilis e hepatites B e C; Excelência no Registro: Boas Práticas para Sistemas de Informação Completos e Qualificados; Integração entre Vigilância e Atenção Primária: Sinergia no Cuidado; Ações Interinstitucionais para o Cuidado Integrado do Binômio; Assistência jurídica na prevenção da transmissão vertical; O direito à fórmula infantil – Programa de Nutrição Infantil Leite do Meu filho; Fluxos de Vigilância Epidemiológica; e Cuidando da Criança Exposta às Hepatites Virais: Abordagens e Cuidados.
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Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
Fotos – Divulgação/Semsa