Exposição de artistas com deficiência visual no Carrossel du Louvre

Reporter da Cidade

Artistas com deficiência visual e baixa visão estão quebrando barreiras e mostrando que as limitações físicas não são um obstáculo para conquistar o mundo. Participantes do projeto “Arte com Toque: A Inclusão do Deficiente Visual na Pintura Artística” terão a oportunidade de expor suas obras no prestigiado “Carrossel du Louvre”, em Paris, no próximo mês de outubro.

O projeto foi contemplado pelo Edital Macro 002/2024, da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), promovido pela Prefeitura de Manaus, por meio do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), e representa um marco importante na valorização da produção artística da Amazônia e na sua internacionalização.

O presidente do Concultura, Tony Medeiros, destaca a relevância do projeto para a cultura local e sua contribuição para a inclusão no cenário artístico global.

“Este projeto é uma grande conquista para a cultura amazônica e é um marco na promoção da inclusão no campo artístico. A exposição ‘Arte com Toque’ no Carrossel du Louvre não só coloca a arte da nossa região no centro do palco internacional, mas também revela o talento e a força criativa de artistas com deficiência visual”, afirmou o presidente da pasta.

A exposição reunirá 23 obras criadas por artistas com deficiência visual, todas inspiradas na fauna e flora amazônicas. As obras retratam o cotidiano e os elementos culturais da região, como a pescaria ribeirinha, o Encontro das Águas e a exuberante biodiversidade da Amazônia, proporcionando uma imersão sensorial na cultura local.

A idealizadora do projeto, a professora e artista visual Ceanny Oliveira, com mais de 30 anos de experiência, explica que a iniciativa nasceu de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e reflete sobre a inclusão de pessoas com deficiência visual no universo da arte.

“Hoje nós temos a satisfação de ter um número significante de artistas de baixa visão e cegos produzindo obras inéditas, na qual terão a oportunidade de mostrar esse trabalho dentro de um espaço bem lindo, que é o Louvre. Então, eu fico muito feliz em fazer parte também, contando com eles, porque eles são os artistas, e fazendo com que todos possam ser aprimorados e assim mostrar que pessoas cegas e com baixa visão também pintam”, ressaltou a idealizadora do projeto.

Com uma variedade de estilos e técnicas, os artistas criam um diálogo sensorial, oferecendo ao público europeu uma interpretação única da biodiversidade e da identidade amazônica, revelando novos olhares sobre o ecossistema e a cultura da região.

Suzete Mourão, deficiente visual, é uma das artistas que representará o projeto em Paris. Para ela, levar a arte da Amazônia à Europa é uma honra e uma oportunidade de mostrar ao mundo o talento e a potência criativa dos artistas com deficiência visual.

“A experiência que a gente está tendo é de satisfação, porque a gente pinta. Com esse projeto, desenvolvemos coisas que a gente achava que não conseguia. Espero que a gente seja bem recebida e que as pessoas vejam nossas telas, gostem e que aplaudam os nossos trabalhos. Graças a Deus apareceu esse projeto ‘Arte com Toque’ aqui, tirou muita gente que vivia em casa, sem fazer nada, e agora desenvolve esse trabalho que é muito bom, muito gratificante”, disse a artista.

Mais do que uma simples exposição, o “Arte com Toque” é uma ponte entre a arte contemporânea amazônica e o público europeu, ampliando a visibilidade de talentos regionais em um dos museus mais icônicos do mundo, o Louvre.

Sobre o projeto

O “Arte com Toque: A Inclusão do Deficiente Visual na Pintura Artística” foi idealizado por Ceanny Oliveira, professora indígena do povo munduruku, formada em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A metodologia de ensino desenvolvida por Ceanny é voltada para a inclusão de pessoas com deficiência visual, ajudando-as a explorar e a criar por intermédio da pintura artística. O projeto conta com o apoio do Concultura e da biblioteca de Braille, onde acontecem as oficinas.

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Texto e fotos – Ismael Oliveira/Concultura 

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