Estudantes de Harvard conhecem ações de saúde da Prefeitura

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Por Redacao

Os desafios e os avanços da Prefeitura de Manaus na rede de promoção da saúde e as ações de prevenção e combate à malária em comunidades fluviais foram apresentados nesta terça-feira, 9/1, para 30 estudantes de pós-graduação da Universidade Harvard, que visitaram a Unidade de Saúde da Família (USF) Nossa Senhora de Fátima, localizada na região do Tarumã-Mirim, a 6,5 quilômetros da área urbana da capital.

A visita teve o objetivo de entender o trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS) em uma unidade básica ribeirinha, considerando as demandas da população e as particularidades da região.

A iniciativa integra a programação do Curso Colaborativo de Campo em Saúde Pública Púbica Harvard-Brasil 2024, articulada entre a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), Fundação de Vigilância em Saúde Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA) com a Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan (HSPH).

O subsecretário municipal de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, destacou que a visita foi fundamental para que os estudantes vissem na prática como é funcionamento do SUS, um sistema de saúde que permite que todos sejam atendidos, sem distinção de classe social.

“O SUS é uma conquista social importantíssima. O Brasil é um país que se destaca com um sistema de cuidados à saúde em todos os níveis de atenção. Muitas vezes esquecemos do quanto precisamos valorizá-lo. Isso ganha reforço quando profissionais de saúde de outros países nos visitam e demostram admiração pelas ações desenvolvidas em comunidades fluviais, que têm características muito específicas e demandam atenção redobrada”, acentuou Djalma.

Rotina

Os 30 estudantes de pós-graduação (médicos, nutricionistas, odontólogos, dentre outros), que fazem parte da 16ª turma do curso, dos quais 15 brasileiros e 15 estrangeiros, conheceram as ações realizadas pelas duas equipes de Estratégia Saúde da Família da USF Nossa Senhora de Fátima, gerenciada pela Semsa, que também é referência para os moradores das comunidades Abelha, Ebenezer, Livramento e Acurali, localizadas naquela região.

O diretor do Distrito de Saúde Rural (Disa Rural), Rubens Santos Souza, conduziu a visitação, que também contou com a participação das equipes da FVS-RCP. Ele explicou os desafios que as equipes de Estratégia Saúde da Família enfrentam para realizar ações de prevenção e promoção à saúde aos usuários do SUS.

“A visita foi muito importante para que mostrássemos o quanto a natureza impacta a rotina numa região peculiar como a nossa.  Em 2023 tivermos uma estiagem severa e agora estamos no período de muitas chuvas, mas mesmo com esses fenômenos não deixamos de ofertar nossos serviços da atenção primária”, acentuou;

Prevenção e controle à malária

O Laboratório de Endemias Nossa Senhora de Fátima, que também funciona na comunidade, foi outro ponto de visita. A gerente de Vigilância Ambiental e Controle de Agravos e Vetores da Semsa, Alinne Antolini, explicou sobre as ações desenvolvidas pelo programa da malária da Semsa, que envolve uma série de ações coordenadas e integradas entre as áreas de vigilância e assistência e contam com o apoio dos agentes de endemia, que realizam a busca ativa de casos, buscam pacientes sintomáticos, realizam o exame e levam o material para o diagnóstico laboratorial.

“Quando o resultado é positivo, o microscopista já separa a medicação, que é levada pelo agente de endemias à residência, quando necessário. Nas comunidades em que há laboratório, o paciente já sai com essa medicação e todas as orientações para o tratamento adequado durante o período”.

Alinne acrescentou que ações de controle vetorial também são realizadas. Um trabalho que compreende ações de entomologia, no qual é feita avaliação, monitoramento e tratamento de possíveis criadouros para o mosquito vetor da malária.

“Temos também ações de controle vetorial com inseticida, que a gente chama de controle vetorial químico, em localidades que registram aumento do número de casos positivos e ações de implantação e monitoramento de mosquiteiros impregnados. Todas essas ações são coordenadas e integradas, todas acontecem de forma paralela”, reforçou Alinne.

Desafio 

A chefe do Departamento de Saúde Global e População na Escola de Saúde Pública de Harvard, Marcia Castro, que coordena a capacitação, assinalou que a ideia do curso nasceu da compreensão de que a saúde não está restrita à sala de aula, mas relacionada a vivências práticas que permitem a identificação de desafios, oportunidades e busca de soluções em realidades diferenciadas e dinâmicas.

“Esse curso já aconteceu em Fortaleza, Rio de Janeiro, Curitiba, São Paulo, Salvador e pela primeira vez está sendo feito no Amazonas, que era um sonho antigo que eu tinha, uma vez que trabalho na região desde 1999. É um curso transformador para a carreira e para a vida não só para os que vêm de Harvard, mas também para os brasileiros, que muitas vezes não tem ideia quanto o SUS é desafiador. Tenho certeza de todos sairão com sua formação aprimorada”.

Universalidade

A nutricionista americana Lexi Faina, destacou que o aspecto mais interessante na visitação foi a gratuidade do SUS, uma realidade bem diferente da vivenciada pelos norte-americanos. “As abordagens junto aos ribeirinhos me deixaram muito impressionada porque vi que as pessoas conseguem ter acesso à saúde.  É bem diferente do sistema americano, em que tudo é pago. Outro ponto foi o trabalho dos agentes de saúde e das unidades fluviais que fornecem atendimento, medicamentos. As pessoas muitas vezes nem precisam sair de suas casas para receber medicamentos”, pontuou.  

A programação do curso colaborativo de campo, que iniciou no dia 3/1, prossegue até o dia 19/1. Nesta quarta-feira, 10/1, está prevista visita à Comunidade Parque das Tribos, na zona Oeste, onde grupo conhecerá outras ações de promoção à saúde oferecidas pela rede municipal.  As formas de prevenção e fluxo de atendimento aos casos de tuberculose, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e HIV/Aids, dengue, zica e Chikungunya, dentre outros agravos, também estão incluídos no roteiro de estudos. 

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Texto – Tânia Brandão / Semsa

Fotos – Artur Barbosa / Semsa

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