Escolas estaduais indígenas do alto Rio Negro realizam cerimônia de colação de grau para alunos do Ensino Médio

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Por Redacao

Cerimônia com apresentações culturais representou o fim de uma etapa importante na vida dos estudantes de Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Cachoeira

FOTO: Divulgação / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

A Escola Estadual Indígena (EEI) Sagrada Família, localizada no Distrito Do Marauiá, no município de Santa Isabel do Rio Negro (distante 630 quilômetros de Manaus), realizou, em uma cerimônia dupla, a colação de grau de 84 alunos indígenas da região. Autoridades locais e lideranças indígenas estiveram presentes durante as cerimônias que marcaram o término do ano letivo. Já em São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus), a cerimônia de formatura ocorreu na Escola Estadual Indígena Pamuri Maha Wii.

Mesclando o ritual formal de uma formatura tradicional com rituais culturais do povo Yanomami, alunos de sete aldeias da região do rio Marauiá se reuniram nas aldeias Komixiwë e Curuá, em Santa Isabel do Rio Negro, onde receberam o diploma de conclusão do Ensino Médio e puderam confraternizar o momento de celebração com familiares e amigos.

Para o gestor da unidade escolar, Paulo Roberto de Souza, o momento foi de extrema importância para os formandos, pois representa um passo a mais para a chegada até o ensino superior e a realização de um sonho para muitos estudantes.

“Foi um momento de muita alegria, de muita espiritualidade, um momento forte e marcante tanto para a escola, quanto para o Xapono Yanomami”, ressaltou o diretor destacando que o Xapono é como os yanomamis chamam a aldeia/casa comunal permanente compartilhada por mais de uma família.

FOTO: Divulgação / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

Durante a cerimônia, os formandos apresentaram a dança tradicional “Praɨaɨ”, poesias e cantos na língua Yanomami, além de também realizarem a exposição de um “Pei Makɨ”, que, para os Yanomami, representa a montanha dos espíritos.

O objeto é uma espécie de totem indígena onde habitam os espíritos de proteção, e é usado somente em um ritual específico Yanomami. O objetivo da exposição era simbolizar o quão importante estava sendo aquele momento, além de também preservar a identidade e as tradições dos indígenas.

No município de São Gabriel da Cachoeira, a Escola Estadual Indígena Pamuri Maha Wii, também realizou a colação de grau dos alunos do Ensino Médio. Na ocasião, também houve a formação de alunos indígenas da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Educação Estadual Indígena

De acordo com o diretor do Departamento de Políticas Educacionais Para a Diversidade (DPDI), Mailson Rafael Ferreira, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar tem realizado uma série de ações buscando o avanço da Educação Indígena no estado, dentre elas as parcerias com o Programa de Aceleração do Desenvolvimento da Educação do Amazonas (Padeam), visando a construção de seis novas escolas, participação no GT (Grupo de Trabalho) de Educação Escolar Indígena do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, a implantação e reestruturação do Novo Ensino Médio Indígena (Nemi), elaboração de material de apoio ao Nemi e para o Aula em Casa – Estiagem, Atualização do Programa de Formação de Professores Indígenas / Projeto Pirayawara para o ano 2025, além da oferta do curso de Licenciatura Intercultural pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA), com aulas a iniciar em janeiro de 2025.

FOTO: Divulgação / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

Este curso de licenciatura é a primeira iniciativa dessa natureza da Secretaria de Educação que busca fortalecer o time de professores para o Ensino Fundamental II e Ensino Médio Indígena, e tem como público alvo professores egressos do projeto Pirayawara. Ao todo, serão contemplados 180 professores, com Polos em Tefé, Parintins e Boca do Acre, que correspondem, respectivamente, aos Territórios Etnoeducacionais do Médio Solimões, Baixo Amazonas e Juruá/Purus.

A Secretaria de Educação trabalha a educação escolar indígena por meio da Matriz Intercultural de Referência para as Escolas Indígenas, desde o ano de 2015. Em 2024, cerca de 13 mil indígenas foram matriculados na rede estadual de ensino, na matriz citada. A Matriz contempla, além das escolas estaduais indígenas (EEIs), também salas anexas das escolas indígenas e as salas anexas de escolas estaduais não indígenas, que ofertam a modalidade de ensino nas comunidades indígenas.

Esta matriz pode também ser adequada conforme a realidade de cada comunidade, escola ou povo indígena. Como exemplo de componentes curriculares obrigatórios na Formação Geral Básica (FGB) que caracterizam as especificidades da educação escolar indígena, tem-se o ensino das Línguas Indígenas; Formas Próprias de Educar; Direitos Indígenas (exclusiva do Ensino Médio); e, Artes, Cultura e Mitologia.

FOTO: Divulgação / Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar

Na Secretaria de Educação, a Educação Escolar Indígena é de responsabilidade da Gerência de Educação Escolar Indígena – DPDI, que compõe a estrutura organizacional do Departamento de Políticas para Diversidade – DPDI.

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