A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de saúde (Semsa), está investindo na capacitação em cuidados paliativos dos profissionais que atuam na Estratégia saúde da Família (ESF).
O curso “Atendimento em Cuidado Paliativo”, direcionado para médicos, abriu, nesta terça-feira, 23/9, a primeira de uma série de três etapas do processo de capacitação, que também vai envolver Agentes Comunitários de saúde (ACSs) e equipes multiprofissionais (nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais e profissionais de educação física).
A chefe do Núcleo de Atenção à saúde das Pessoas com Doenças Respiratórias, Obesidade e Neoplasias da Semsa, enfermeira Lilian Paula Lima, explicou que os cuidados paliativos constituem uma abordagem voltada à melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, em um atendimento integral que possa prevenir e aliviar o sofrimento por meio da identificação precoce, avaliação adequada e tratamento eficaz da dor.
“As equipes de saúde da Família são o foco neste primeiro momento, porque são profissionais que atuam nos territórios, realizando visitas domiciliares. A capacitação é para que os profissionais estejam mais sensibilizados aos cuidados paliativos, com olhar mais humanizado ao paciente acamado, com patologias crônicas, que não são apenas as complicações de neoplasias”, explicou Lilian Paula.
A capacitação também vai reforçar junto aos profissionais da ESF a importância da identificação e registro de atendimentos de pessoas em cuidados paliativos nos sistemas de informação.
“Os pacientes em cuidados paliativos já estão em atendimento com especialistas, mas a Atenção Primária também acompanha os pacientes, de acordo com o território, com consultas médicas e de enfermagem, exames, orientação sobre o uso de medicamentos utilizados, entre outros serviços. Por isso, é importante ter este momento para compartilhar conhecimentos e experiências, fortalecendo práticas de cuidado integral e humanizado aos usuários em sofrimento”, apontou Lilian Paula.
O curso contou com o apoio da fisioterapeuta Mônica Marino, representante do movimento social Frente Paliativistas. Segundo ela, o movimento surgiu em 2023 com o objetivo de levar para a 17ª Conferência Nacional de saúde a proposta de criar uma Política Nacional de Cuidados Paliativos.
“A proposta foi aprovada na Conferência Nacional e a Política Nacional de Cuidados Paliativos foi publicada no Diário Oficial da UNIÃO em 2024. Com isso, o Brasil começou a implantação da Política em todo território nacional”, informou Mônica Marino.
A fisioterapeuta explica que o cuidado paliativo é uma abordagem multiprofissional, em que uma equipe de profissionais vai trabalhar questões físicas, espirituais, sociais e psicológicas. “O processo de adoecimento interfere em várias faces da vida do paciente e também da estrutura familiar. O foco é amenizar o sofrimento e promover um cuidado para que o paciente encontre o fim da sua vida de forma digna”, destacou Mônica Marino.
A fisioterapeuta apontou que um dos objetivos da capacitação é desmistificar alguns conceitos que a sociedade, incluindo profissionais de saúde, têm a respeito de cuidados paliativos.
“Muitas pessoas entendem que cuidados paliativos têm relação com pessoas com câncer, pessoas que estão morrendo. Mas também é para todas as pessoas com alguma doença potencialmente fatal, um paciente cardiopata ou renal crônico, idosos frágeis ou mulheres com gravidez de risco. Esses são exemplos de pessoas com indicação de cuidados paliativos”, explicou Mônica Marino.
Para o médico Salésio Diego Nunes, que integra a equipe de saúde da Família na unidade de saúde Dom Milton Corrêa, bairro da Glória (zona Oeste), a capacitação vai permitir que os profissionais da REDE entendam melhor os conceitos sobre cuidados paliativos e possam qualificar as informações e atendimentos.
“Apesar da maioria dos colegas médicos não saber, eles estão fazendo cuidados paliativos no dia a dia. E as informações vão ajudar a aprimorar nosso conhecimento, entender melhor o que é o cuidado paliativo e com isso cuidar melhor desse paciente, que não tem cura, mas tem como melhorar a qualidade de vida”, afirmou o médico.
A próxima etapa do curso vai acontecer na quinta-feira, 25/9, direcionada para Agentes Comunitários de saúde (ACS), encerrando no dia 30 de setembro com a participação das equipes multiprofissionais que atuam na Estratégia saúde da Família.
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Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
Foto – Divulgação/Semsa