Após ter ido à Humaitá (a 697 quilômetros de Manaus), na quinta-feira (10/4), o deputado estadual Comandante Dan (Podemos) voltou a falar da enchente da calha do rio Madeira e alerta às autoridades estaduais e federais sobre a necessidade de assistência às populações da região Sul do Amazonas. Segundo o parlamentar, já há isolamento de distritos e comunidades.
“A situação é bastante grave. Na BR-230, a Transamazônica, nas margens do Km 3 ao 20, muitos tiveram que deixar suas casas, área que ainda pertence ao município de Humaitá. No distrito de Matupi, já na área territorial de Manicoré (distante 331 quilômetros da capital), as mercadorias em geral, como água mineral combustível, não têm como chegar pela a estrada. Lá no Matupi, com uma população estimada de 12 mil habitantes, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) disponibilizou uma balsa gratuitamente para transportar caminhões, num percurso que demora dias pelo rio Aripuanã, chegando no porto da Prainha, a 100 quilômetros de Apuí, distante a 455 quilômetros de Manaus”, declarou o deputado.
Segundo ele, a dificuldade de abastecimento do distrito é enorme, assim como o deslocamento dos cidadãos residentes. Há relatos de que as pessoas que tentam ir de Matupi para Humaitá estão sujeitas a pagar a passagem de ônibus, percorrer 150 quilômetros pela rodovia e depois ter que embarcar numa rabeta, ou voadeira, que chega a custar mais R$ 150 por passageiro.
Durante o final de semana, o prefeito de Apuí, Marquinhos Macil (MDB), declarou que não tem água mineral em lugar nenhum da cidade, que completou duas semanas em isolamento total, devido à interrupção do tráfego na BR-230. O prefeito denunciou a falta de abastecimento de alimentos, água mineral, combustíveis e outros itens, além de dificuldades de mobilidade. Apesar da cheia do Madeira se configurar severa, desde o final de março e estar a aproximadamente dois metros para alcançar a marca histórica de 2014, os decretos de situação de emergência foram homologados no final da semana passada.
“Saí da plenária da última quinta-feira e embarquei para Humaitá. Estive na saída do município para a BR-230 e apelei aos Secretários Chefes da Casa Civil e da Defesa Civil do Estado pela homologação do Estado de Emergência para Humaitá, Manicoré e Apuí, a pedido das lideranças locais. Até aquele momento não havia formalização. Infelizmente, repito, a despeito das seguidas tragédias climatológicas, continuamos agindo de forma reativa e tardia. Agora, precisamos ficar alertas para as necessidades daquela população e também ficar mais atentos à Região Metropolitana de Manaus, para onde há probabilidade de 98% de inundação”, finalizou o Comandante Dan.
Segundo a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) no Primeiro Alerta de Cheia, emitido em 28 de março, a previsão para Manaus é que o rio Negro atinja aproximadamente 28,68 metros, com um intervalo provável variando entre 27,93 e 29,43 metros. Segundo o modelo utilizado, a probabilidade de que o rio venha atingir a cota de inundação em Manaus (de 27,50 metros) é de 98%. Para a cota de inundação severa (29,00 metros) essa probabilidade é de 30%.