Estudantes da Itália conhecem estratégias da prefeitura na atenção à saúde de moradores da zona rural

Reporter da Cidade

As estratégias da Prefeitura de Manaus na atenção à saúde de usuários moradores de localidades remotas da zona rural é o foco dos olhares de estudantes da Universidade de Parma, na Itália, que estão na capital para conhecer mais de perto as práticas do Sistema Único de saúde (SUS) no cenário amazônico. Eles integram um projeto de estágio e pesquisa zdesenvolvido em parceria entre a Secretaria Municipal de saúde (Semsa), a instituição italiana e a REDE Unida.

Os estudantes Jacopo Gilbertini e Beatrice Todaro, que chegaram a Manaus no domingo, 23/11, estiveram na unidade de saúde da Família (USF) Rural Nossa Senhora do Livramento, na comunidade Nossa Senhora do Livramento, acompanhando as equipes de saúde no atendimento aos usuários da localidade e entorno. Beatrice visitou também a USF Parque das Tribos, na comunidade indígena Parque das Tribos, zona Oeste.

A técnica do Departamento de Gestão da educação na saúde da escola de saúde Pública da Semsa (Esap Manaus), assistente social Thalita Guedes, relata que os universitários italianos buscam aprender e vivenciar o trabalho interprofissional das equipes da estratégia saúde da Família em levar assistência à população do campo, da floresta e das águas na Amazônia, uma inovação brasileira na Atenção Primária à saúde (APS).

“Na Itália há uma grande população de idosos, muitos até vivendo em áreas montanhosas, mas o atendimento é concentrado nos pontos de saúde. Eles querem aprender conosco sobre como levar o serviço aos usuários nos territórios, pensando em uma futura implementação lá”, explica a servidora.

Thalita assinala que o intercâmbio com a Itália, que inclui ainda a Universidade de Bolonha, fortalece a Semsa no cenário internacional de estudos sobre saúde coletiva e abre portas para futuros editais e fomentos para pesquisa, estimulando a formação e o aprimoramento dos servidores da saúde. E a troca de conhecimento, ela acrescenta, favorece o avanço da Atenção Primária nos dois países.

“Temos um conhecimento de trabalhar a saúde nos territórios, e eles trazem a experiência de otimizar o serviço com os recursos disponíveis. E Podemos aprender com eles como fortalecer a participação social na saúde, que é muito forte na Itália e de que também precisamos aqui”, aponta Thalita.

Pesquisa e vivência

No estágio em serviço na Semsa, Jacopo e Beatrice acompanharam a rotina das equipes multiprofissionais nas USFs, que reúnem médicos, enfermeiros, agentes comunitários, entre outros trabalhadores da saúde, em visitas domiciliares e ações de articulação do território.

“Enquanto Esap, cooperamos também na formação deles, trazendo teorias sobre a saúde coletiva no Brasil, para apoio na escrita de suas pesquisas”, informa Thalita Guedes, que é doutora em saúde Coletiva.

Para Jacopo, que é estudante do mestrado em saúde Coletiva da Universidade de Parma, o intercâmbio em Manaus terminou na quarta-feira, 26/11. Já Beatrice, que cursa doutorado em serviço social em Parma, ficará na capital amazonense até 16 de dezembro. Ela conta que sua primeira impressão ao acompanhar os profissionais da saúde municipal nas comunidades rurais foi da intimidade maior entre gente e natureza, com a geografia “moldando relações, acesso ao serviço e formas de cuidado”.

“É um cuidar que não tem a imediaticidade muitas vezes tecnocrática dos grandes centros urbanos, mas um ritmo mais lento e reconhecível, capaz de devolver dignidade ao cotidiano do cuidado”, descreve.

Beatrice avalia a experiência nas unidades de saúde rurais da Semsa como essencial para compreender as conexões entre território, saúde e formas de vida, evidenciando uma relação com a saúde não apenas médica, mas simbólica, comunitária e ideológica, bem diversa dos modelos urbanos de assistência ofertado nas cidades.

“Nas comunidades persistem formas de reciprocidade e proximidade que são recursos valiosos para se imaginar futuros sistemas de saúde mais humanos. Tudo isso alimenta meu desejo de contribuir para um trabalho de pesquisa e de elaboração capaz de colocar no centro a relação entre espaço, comunidade e bem-estar”, declara.

Além das unidades da Semsa, os estudantes de Parma participaram de atividades no Instituto Leônidas e Maria Deane – FIOCRUZ Amazônia.

Intercâmbio e parceria

A Semsa Manaus é uma das instituições parceiras da Universidade de Parma em projeto de estágio e pesquisa no Brasil, no âmbito do primeiro Mestrado Nacional em saúde Coletiva da instituição italiana. A iniciativa prevê a participação de estudantes italianos em programa formativo na capital amazonense e em cidades como Rio de Janeiro, São Luís e Itamonte (MG), neste mês de novembro.

O intercâmbio da saúde municipal com a Itália se desenvolve desde o ano passado, e inclui também parceria com a Universidade de Bolonha para iniciativas de cooperação acadêmica transnacional.

A Semsa participou ainda, no início deste ano, do 17º Laboratório Ítalo-Brasileiro de Pesquisa, Formação e Práticas em saúde Coletiva, em Bolonha, com o apoio da REDE Unida. A secretária municipal de saúde, Shádia Fraxe, marcou presença no evento, ao lado dos subsecretários de Gestão da saúde, Djalma Coelho, e da diretora executiva da Esap Manaus, Karina Cerquinho.

No evento, destinado à troca de experiências e implementação de ações voltadas à saúde e qualidade de vida, a secretaria apresentou estratégias adotadas para ampliar e qualificar a assistência à saúde no município.

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Texto – Jony Clay Borges/Semsa

Fotos – Divulgação/Semsa

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