
A deputada estadual Dra. Mayara Pinheiro Reis (Republicanos) usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), nesta quinta-feira (27/11), para chamar atenção para a situação do HPV e seus impactos na alta incidência de câncer do colo do útero no Estado. Segundo a parlamentar, o tema é urgente e exige novas ações de saúde pública.
Durante o discurso, ela destacou que, enquanto o câncer de mama é o mais comum entre mulheres no restante do país, no Amazonas a realidade é outra: o câncer de colo do útero permanece como a principal causa de adoecimento e morte entre mulheres, com 610 novos casos por ano.
Estudo interrompido pela UEA
A deputada alertou para a interrupção de um estudo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) sobre os genótipos do HPV na região, pesquisa considerada essencial para compreender o comportamento diferenciado do vírus na Amazônia.
O estudo, realizado pelo Laboratório de Genética Molecular da UEA em parceria com o Laboratório Nacional de Referência de HPV do Instituto Nacional de saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), de Portugal, mapeia os genótipos predominantes do vírus no Amazonas.
A procura da população pelo estudo foi tão alta que o número de participantes teve de ser ampliado de 100 para 150 mulheres, todas adultas e não vacinadas. Porém, a pesquisa foi descontinuada por falta de recursos.
“Esse levantamento é fundamental para entendermos como o vírus se comporta aqui. Não Podemos perder uma pesquisa tão importante para as mulheres do Amazonas”, afirmou.
A parlamentar apresentou um requerimento solicitando a retomada imediata da pesquisa.
Assistência no interior: pedido de descentralização
Dra. Mayara também cobrou a descentralização da assistência ginecológica, especialmente para atender mulheres no interior do Amazonas, onde o acesso ao diagnóstico precoce ainda é limitado.
“Precisamos que UBS e policlínicas do interior funcionem como unidades modelo, com estrutura adequada e profissionais capacitados. Mas isso exige investimentos direcionados”, reforçou.
Vacinação limitada a 9 a 14 anos preocupa a deputada
A parlamentar criticou a limitação da vacina contra o HPV no SUS, hoje ofertada apenas para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Para ela, essa regra ignora a realidade do Amazonas, área endêmica para o câncer do colo do útero.
“Se os índices são tão alarmantes, por que não Podemos estender a vacinação para mulheres adultas? Isso é equidade: tratar de forma diferente quem tem necessidades diferentes”, questionou.
Ela enviou um requerimento ao Ministério da saúde solicitando a ampliação da faixa etária para vacinação no estado.
A deputada também é autora do Projeto de Lei nº 182/2025, já em tramitação, que propõe ampliar o acesso à vacina HPV para além da faixa tradicionalmente atendida pelo calendário nacional.
Na REDE privada, cada dose da vacina custa cerca de R$ 989, e são necessárias três doses, valor inacessível para a maioria das mulheres amazonenses.
Três requerimentos apresentados
A deputada encaminhou três solicitações formais:
À UEA – retomada urgente do estudo de genótipos do HPV.
À SES-AM – ampliação e descentralização do atendimento ginecológico, com unidades modelo no interior.
Ao Ministério da saúde – ampliação da vacinação contra HPV para mulheres adultas no Amazonas, com base no princípio da equidade.
Ao encerrar, Dra. Mayara reforçou que a prevenção salva vidas e que o Amazonas precisa de estratégias específicas, considerando a realidade epidemiológica mais grave do país na incidência do câncer do colo do útero.