Em pronunciamento nesta terça-feira (12/08) na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o deputado Rozenha (PMB) fez duras críticas ao Governo Federal por ter sancionado a nova lei de licenciamento ambiental com veto à emenda que favoreceria a BR-319. O parlamentar ligou a decisão ao sentimento de abandono vivido por comunidades do sul do Amazonas, citando municípios como Apuí e Manicoré, e questionou o aconselhamento político que teria levado ao veto.
Rozenha citou a crise logística e social que atinge o sul do estado e afirmou que a falta de infraestrutura agrava a condição de quem vive na região.
“O povo do sul do Amazonas é invisível”, disse, ao relacionar o isolamento a problemas como pontes caídas, calado reduzido do Rio Madeira e dificuldades para escoamento de produção. “A BR-319, que já existe há quase 50 anos, sem a menor dúvida é o maior gargalo logístico do mundo”, declarou o deputado.
Rozenha criticou o veto do presidente Lula à emenda do senador Eduardo Braga, medida que, segundo ele, visava viabilizar a reconstrução do trecho médio da BR-319, cerca de 440 km. O deputado admitiu ainda ceticismo quanto à possibilidade de derrubada do veto.
“Eu, sinceramente, não acredito na derrubada do veto”, afirmou, citando a dinâmica política em Brasília e a sinalização do Palácio do Planalto à sua base.
Crítica direta à ministra e à governança ambiental
Rozenha também criticou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ele reafirmou a falta de compromisso da ministra com a Amazônia Ocidental, o que aumenta a sensação de abandono das populações ribeirinhas e do sul do Amazonas.
“Não há compromisso da ministra Marina Silva com a Amazônia Ocidental por um motivo simples. Ela é deputada federal pelo estado de São Paulo. Logo, ela defende os interesses das oligarquias paulistas, de um povo que é muito bem atendido por inúmeras rodovias federais e privatizadas. Ela defende um estado que não tem problema de isolamento e condena 4 milhões de pessoas, só no Amazonas, mais um tanto de gente do estado de Roraima, ao isolamento e à pobreza”, disse.
Rozenha rejeitou o entendimento de que a pavimentação e reconstrução da BR-319 seriam as maiores responsáveis por desequilíbrio ambiental na região. O parlamentar sustentou que um projeto de reconstrução com licenciamento e controles adequados é compatível com a preservação e essencial para integração, desenvolvimento e redução do isolamento.
Ao concluir, Rozenha pediu para que a bancada amazonense e os órgãos federais priorizem soluções que garantam o direito de ir e vir, o escoamento da produção e a integração nacional sem deixar o sul do Amazonas “à margem” das decisões.
“A demonstração do governo federal para esse povo é de abandono”, resumiu. “Precisamos de ação efetiva, não de discursos que não alcançam quem vive ali”, concluiu.