Após 21 dias em viagem fluvial pela calha do rio Solimões, o deputado estadual Comandante Dan (Podemos) visitou, no domingo (3/8), os municípios de Santa Isabel do Rio Negro (630 quilômetros de Manaus) e Barcelos (405 quilômetros). O parlamentar participou de reuniões com lideranças da pesca e representantes das forças de segurança pública.
Nesta segunda-feira (4/8), a agenda segue na calha do rio Negro, com visita a São Gabriel da Cachoeira (856 quilômetros). Na terça-feira (5), o deputado deve participar da retomada dos trabalhos da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) para o segundo semestre.
Comandante Dan ressaltou que, embora os municípios do interior do Amazonas apresentem problemas semelhantes relacionados à qualidade de vida e ao desenvolvimento socioeconômico, cada um possui particularidades que precisam ser consideradas:
“Durante o recesso, estive nas calhas dos rios Juruá, Purus e Madeira de forma breve. Passei mais de 20 dias embarcado pelo Solimões, visitando todos os municípios e 42 comunidades rurais. Agora estou na calha do rio Negro. Observamos problemas de acesso à água potável, comprometimento dos recursos hídricos pelo garimpo ilegal de ouro e contaminação por mercúrio; porém, as questões de segurança pública aqui são diferentes. Há uma grande população indígena e um forte movimento econômico associado à pesca esportiva, hoje o principal polo do país. É necessário que as ações dos Executivos, em todas as esferas, não contrariem os interesses reais da população da região”, disse.
Em 2024, o Amazonas registrou mais de 13 mil casos de malária. Santa Isabel do Rio Negro possui alta incidência, sendo, ao lado de São Gabriel da Cachoeira e Barcelos, responsável por parcela significativa dos registros, sobretudo no Alto Rio Negro. Em 2018, a situação foi tão crítica que o Governo do Estado decretou emergência nos três municípios.
A segurança pública também preocupa devido ao avanço de organizações criminosas oriundas da fronteira com Colômbia e Venezuela. Segundo o deputado.
“Embora os índices de narcotráfico e pirataria sejam maiores na calha do Solimões, já há ocorrências no rio Negro, o que alerta pela presença de povos originários, com terras invadidas pelo narcogarimpo, e do polo turístico de pesca esportiva em Barcelos, atividade que mais gera emprego e renda no município. Qualquer ocorrência envolvendo turistas PODE gerar repercussão internacional negativa e comprometer, em meses, um trabalho construído ao longo de uma década”, disse.
Informações da equipe do parlamentar indicam que Santa Isabel do Rio Negro dispõe apenas de seis policiais militares, um delegado, um escrivão e quatro investigadores, realidade semelhante à de Barcelos.
O deputado avaliou que se somar os efetivos de Santa Isabel, Barcelos e São Gabriel da Cachoeira, não chegam a 200 policiais militares.
“Não dispomos de lanchas ou combustível para patrulhamento fluvial. Precisamos de um plano estratégico que contenha o avanço do crime organizado, com fortalecimento das bases fluviais estaduais, tecnologia, mobilidade aquática e efetivo adequado”, analisou.
Em Barcelos, representantes da pesca e o prefeito manifestaram preocupação com a possibilidade de demarcação de até 85% do território do município como Terra Indígena (TI), o que PODE impactar cerca de 40 atividades da economia local, incluindo a pesca esportiva.
“A demarcação indígena é uma garantia constitucional, mas precisa ser amplamente debatida para evitar prejuízos à pesca esportiva, atividade que devolve as matrizes de tucunaré aos rios e movimenta a economia do município. É um desafio que envolve a bancada do Amazonas no Congresso Nacional e o Governo do Estado”, finalizou.